quinta-feira, 11 de março de 2010

Calcio Com Um Novo Campeão?


O Calcio pode voltar a ter um campeão diferente nesta temporada. A ascensão do Milan, juntamente com a recuperação sensacional da Roma, podem pôr fim na hegemonia da Internazionale e, consequentemente, o tetra-campeonato da equipe.

As chances do Milan são, sem dúvidas, maiores que a da Roma. A equipe russonera tem um plantel mais qualificado, um treinador que demonstra ser mais talentoso e um foco, oriunda da rivalidade mais efervescente da Itália, em impedir o título de seu maior rival.

A Roma tinha um objetivo no início da temporada: voltar à Champions League. Teve um princípio de campeonato terrível, passeou pela zona de rebaixamento e, quase que milagrosamente, teve uma subida impressionate de produção, ao ponto de revezar com o Milan no posto de vice-líder do Calcio. O fato é que, mesmo com as contratações feitas na janela de inverno, não a enxergo como uma equipe que consiga ser campeã, pelo menos nesta temporada. Mas como o futebol não é uma ciência e, se fosse, não seria exata, nada impede uma seqüência de vitórias na reta final, combinada com tropeços dos adversários. Não há motivos para a desistência giallorossa.

Quanto ao Milan, apesar de toda a sua evolução, a equipe oscila entre atuações regulares e grande jogos. O termômetro da equipe é, sem dúvida, Ronaldinho. Isso leva a crer que se o Gaúcho jogar 80% do que sabe em todos os jogos, o Milan será campeão. Gattuso, Beckham, Seedorf e Pato são outros jogadores importantes na equipe. Dentre eles, Alexandre Pato é o jogador com o qual a equipe mais precisará contar. Leonardo, depois de ser bastante questionado no comando da equipe, vem se estabilizando à frente do time de Berlusconi e, apesar da recente derrota na Champions League, tem mostrado bastante talento.

Já pelos lados do Giuseppe Measa, é notório que, se o Cálcio encontra-se num equilíbrio que possibilita uma disputa, propriamente dita, pelo título, não é por conta de uma evolução extraordinária por parte de Milan ou Roma e sim a queda de produção da Inter. O fator preponderante para isso é que a equipe de José Mourinho não tem mais o mesmo foco, nem a mesma qualidade. Ninguém perde Ibrahimovic e fica impune. Além disso, a saída de outros jogadores por motivo de insatisfação e a permanência de outros, mesmo insatisfeitos, eram o anuncio de que algo estaria prestes a ruir. Ainda assim a Inter é a equipe mais forte do campeonato.

Correndo por fora, mas bem por fora mesmo, a Juventus chegou a ensaiar uma boa temporada, mas a queda vertiginosa de produção da equipe impediu a sua permanência na briga pelo título. A equipe de Turim deve, inclusive, ficar atenta caso queira disputar a Champions na próxima temporada. Diego é um jogador genial, mas não é o suficiente para a Juve ser novamente campeã.

Fazendo-se uma análise, que nem precisa ser tão profunda assim, o Cálcio tem um grande favorito, a Inter, porém, mesmo sendo campeão nesta temporada, dá sinais de que a hegemonia está prestes a acabar.

È Detto!

terça-feira, 9 de março de 2010

Dossiê Seleção Brasileira


Ser treinador da Seleção Brasileira é o sonho de milhares de profissionais do futebol espalhados elo mundo. Comandar a canarinha numa Copa do Mundo, então, é um momento de êxtase supremo, experiência vivida por poucos privilegiados até hoje na história, com o ápice alcançado, ou seja, com o título mundial, conseguido apenas por cinco treinadores brasileiros. Em breve, Dunga terá a oportunidade de ser, quem sabe, o sexto campeão mundial dentre os treinadores brasileiros, além de se igualar com Beckenbauer e Zagallo como únicos a serem campeões como jogadores e treinadores. Mas para alcançar o tão almejado título, como se configurará o grupo e, mais importante, a equipe?

Quanto ao sistema tático, observa-se que os dois laterais têm uma dinâmica padrão para uma equipe com dois zagueiros. Um avança e o outro guarda posição. Mas, em certos momentos e graças ao posicionamento como 3º zagueiro por parte de Gilberto Silva, têm a liberdade de efetuar avanços simultaneamente.

Felipe Melo, por sua vez, faz uma marcação pesada, porém mista, e sem tanta liberdade para subir com a bola dominada. O sistema oficialmente defensivo é completo por Ramires. Nesta posição, onde podem jogar também Elano ou até mesmo Daniel Alves, é feito o primeiro combate na marcação e, com a posse de bola, torna-se um armador. Essa posição é a que dá equilíbrio à equipe, pois termina de preencher defensivamente o meio-campo, dando liberdade à Kaká que, completando o quarteto do meio e sem tanta obrigação defensiva, torna-se o homem do último passe, com a possibilidade de utilizar o máximo de sua energia para o ataque.

Já a dupla de ataque tem funções bastante diferentes. Robinho é quase um quinto homem de meio-campo e faz uma movimentação intensa, como se fora um pêndulo, abrindo espaços para os avanços de Kaká e as finalizações de Luís Fabiano, aquele que manteve, para mim, Dunga no cargo de treinador da Seleção.

Explico, da mesma forma que a posição que hoje é ocupada por Ramires é de fundamental importância para o esquema da equipe, a camisa 9, o finalizador da equipe, não pode ser um mero criador de espaços ou pivô preparando a bola para os que vêm de trás. É extremamente necessário que ele faça os gols, principalmente pelo fato de que a equipe joga para que ele os façam. Antes de Luís Fabiano, o Brasil não tinha um jogador decisivo, eram bons atacantes, faziam gols em seus clubes, mas essa eficiência não se estendia à Seleção. Fabigol se impôs, fez gols importantes, deu boas assistências, foi voluntarioso sem perder o tesão em fazer gols e, assim, salvou a cabeça de Dunga que, sem os seus gols, inevitavelmente cairia.

Prefiro não ser pessimista, mas creio que se Dunga pudesse escolher escalaria Adriano no lugar de Luís Fabiano na equipe titular. Essa seria a maior trairagem da história da Seleção Brasileira que eu teria presenciado, Adriano é um jogador excelente, mas ainda fora de forma. Precisa provar muita coisa para ser titular da Seleção.

Mas quais são as dúvidas de Dunga? Excetuando-se a questão da lateral-esquerda, a mais notória delas é a de como encaixar Ronaldinho nesta equipe. Ele voltou a jogar bem, ser consistente e decisivo, mas pouca gente esperava esse retorno. Dunga, claramente, não era um deles.

A atual configuração tática da seleção só dá uma opção para a entrada do gaúcho: a saída de Robinho. Um meio-campo com Ronaldinho e Kaká tornaria-se inviável no atual e, diga-se de passagem, vencedor sistema de jogo brasileiro. Inevitavelmente o Brasil se tornaria um time sem pegada no meio e sem poder de recomposição sem a posse de bola. Apesar do poder de fogo com a bola dominada, não seria seguro atuar com uma equipe tão desprotegida.

Outra dúvida é a de quem vai atuar como 3º homem de meio-campo. Ramires é um bom jogador, mas não vejo nele a consistência necessária ser o titular da equipe. Elano é um bom jogador, tem os seus momentos de craque, mas, em contrapartida, tem seus momentos de apagão técnico-tático. O vejo perdendo pontos no conceito de Dunga. Daniel Alves, para mim, seria a melhor opção, apesar de sua deficiência no âmbito defensivo, ele têm uma boa noção de espaço e avanços fulminantes, combinando bom passe, ótimos cruzamentos, velocidade e um bom chute de fora da área. Além de tudo, é ótimo nas bolas paradas.

As laterais são tipos de dúvida totalmente opostas para Dunga. Enquanto q na direita há dois jogadores que não merecem serem reservas, com Daniel Alves e Maicon disputando intensamente a posição, no lado esquerdo a coisa muda de configuração. Não há, atualmente, um só jogador que mereça ser titular da posição. Mais de uma dúzia de atletas já passaram pela posição na era Dunga e nenhum se firmou. Vejo, ainda, o galáctico Marcelo como a melhor opção por parte de Dunga. Mesmo deixando a desejar na defesa, ele tem se mostrado importante em seu clube e sua capacidade ofensiva é imensa. Além disso, ele não têm competidores à altura.

Julio César como goleiro, Lúcio e Juan formando a dupla de zaga, Gilberto Silva e Felipe Melo como volantes, Kaká como meia e Robinho ao lado de Luís Fabiano no ataque. Esses são os jogadores que não deverão perder a vaga para o mundial. É bem verdade que Maicon é o predileto de Dunga na lateral-direita e deverá ser titular e há uma tendência de Daniel Alves ser efetivado no meio-campo. Além disso espero que Marcelo seja efetivado na lateral-esquerda. Há uma chance remota de Robinho ser substituído por Ronaldinho, mas não creio que Dunga irá fazê-lo.

Quanto ao resto do grupo, no gol, para reserva de Julio César que enfrentou bem a fase da imprensa em seu rogeriocenismo e tornou-se um dos melhores do mundo, Doni e Gomes deverão ser convocados. Na lateral-direita, se caso Daniel Alves seja realmente deslocado ao meio-campo, Rafinha (Schalke 04) pode aparecer na lista, caso contrário, a dupla padrão da seleção continua. Na esquerda, Michel Bastos e Marcelo deverão ser os escolhidos. Para reservas de Lúcio e Juan, a briga ficará entre Alex, Luisão e Thiago Silva. Entre os volantes para serem suplentes de Gilberto Silva e Felipe Melo, Josué e Ramires deverão ser os escolhidos. Entre os meias Júlio Baptista, Diego, Elano, Anderson e Carlos Eduardo travarão uma luta tão intensa quanto Nilmar, Pato, Ronaldinho, para entrar no grupo que vai à Copa.

Então vem a pergunta impossível de não ser feita: será, esse grupo, capaz de conquistar o título mundial?

Vejo que não será uma tarefa fácil. Apesar da derrota na Copa das Confederações, a Espanha tem o melhor futebol neste pré-Copa. Uma equipe rápida, perigosa e, diferente de outras épocas, equilibrada e saudavelmente confiante. França, Itália e Alemanha têm times irregulares que podem embalar durante o torneio. Holanda e Portugal podem ser surpresas. Já a Argentina têm me lembrado, pelo menos em questões psicológicas, o Brasil de 2002. Está tão desacreditada que isso pode se transformar num dopping psicológico, porém da mesma que pode favorecer, pode prejudicar o rendimento da equipe. Ela é, para mim, a maior incógnita deste Mundial, portanto, a equipe mais perigosa de todas.

Nesta conjuntura, o Brasil está um pouco abaixo dos espanhóis e levemente acima dos demais, com uma equipe aplicada taticamente, com jogadores capazes de causar um desequilíbrio e, diferente de outros mundiais, com uma defesa sólida. Já seu ponto fraco é a falta de alternativas táticas devidamente testadas em jogos oficiais, isso pode mudar durante os treinamentos antes da Copa, mas opções como a de três zagueiros ou três atacantes, por exemplo, não foram vistas ainda.

Mas todo tipo de análise prévia perde o sentido quando a bola começa a rolar. E eu não vejo a hora para que a Copa comece.


È Detto!