A Roma tem, hoje em dia, um elenco despedaçado. Suas principais peças foram negociadas. Sem Giuly e Mancini, que davam velocidade e mobilidade ao meio-campo, a estratégia adotada por Luciano Spaletti não tem a mesma eficácia e as contratações de Mènez e Júlio Baptista não repuseram a eficácia e letalidade que possuia o contra-ataque romano. Cicinho vem alternando boas e más atuações e vem sido preterido na lateral-direita, que tem como dono da posição o regular Casseti.
Efetivamente, a única contratação que realmente adicionou alguma qualidade na equipe foi a do noruegês Riise, que deu à lateral-esquerda Giallorossa um novo fôlego, tanto no âmbito ofensivo quanto no defensivo. Isso, junto com o retorno de Francesco Totti, (que vem sofrendo seguidas lesões e tem aparecido apenas exporáticamente na equipe) faz da equipe da Roma um time apenas razoável.
É bem óbvio, pelo menos para mim, que também falta na equipe um volante com características de marcação mais forte e roubadas de bola. Considero Danielle De Rossi, principal destaque do time nesta temporada, o melhor volante do mundo, mas, suas pricipais características são a perfeita noção de cobertura e a facilidade de sair com a bola dominada e armar jogadas.
Já a equipe do Milan tem um dos melhores plantéis do mundo e conta com alguns jogadores importantes lesionados, como Nesta e Gattuso, mas, a falta de reservas à altura compromete o sistema defensivo Russonero. A atual forma de jogar da equipe ambém dificulta o trabalho dos seus zagueiros. Por ter tantas peças ofensivas de peso (mesmo com a saída de Ronado), o Milan acaba tendo a obrigação de se jogar ao ataque e o adversário acaba por utilizar o contra-ataque utilizando jogadores que, se não são velocistas, são mais rápidos do que a envelhecida zaga milanêsa (média de idade: 35 anos).
A falta de um lateral-esquerdo mais completo e agudo de um zagueiro com mais vigor físico e de um volante mais pegador, para fazer sombra e substituir Gennaro Gattuso, quando preciso, tira da equipe Russonera a possibilidade de lutar pelo Calcio desta temporada, visto que os principais concorrentes, Juventus e Inter, têm equipes mais equilibradas, a Inter principalmente, pois têm o plantel mais cheio de opções do futebol mundial.
Na partida de Domingo, o Milan atacou e a Roma defendeu-se e contra-atacou. Poderia ser esse o resumo do jogo, se não fossem as nuâncias que fazem do futebol um esporte tão especial, principalmente se tratando de clássicos.
Apesar de toda a pressão do Milan, o primeiro tempo acabou com um placar favorável à Roma pelo oportunismo de Vucinic, mas também pela falta de mobilidade e objetividade das peças ofensivas Russoneras. No segundo tempo veio à tona aquilo que é mais importante do qualquer sistema tático: o talento somado ao objetivismo. Alexandre Pato, em menos de dez minutos, virou o jogo para o Milan. No primeiro gol, oportunismo ao escorar um cruzamento de Kaká, no segundo, o suprassumo do que é o futebol vencedor, uma vitória física, ao ganhar na corrida para o francês Mexès e, logo após, uma vitória técnica, ao encobrir, usando a perna esquerda, o goleiro Doni... um golaço!
Mesmo sendo um romanista quase que irracional, juro que sequer me lamentei ao ver este gol, e, se eu estivesse no estádio, até aplaudiria. A verdade é que, apesar da pouca idade, Pato já se mostra como um atacante completo, extremamente veloz, ótimo cabeceio, deveras habilidoso, bate tanto com o pé direito quanto com o pé esquerdo, se posiciona magistralmente e tem uma personalidade rara para alguém com a sua idade e, o mais importante de tudo, é um predestinado., em todas as estreias de sua vida marcou gols, sem duvida e um atacante ajudado pela sorte. Enfim, deixou de ser promessa, colocou Shevchenko e Inzaghi no banco e ofuscou a estréia de David Beckham, deixou de ser uma promessa para se firmar como principal atacante de um dos gigantes da Europa, resta firmar-se como titular da Seleção Brasileira. Deve-se ter paciência com o garoto e priorizar os atacantes que têm dado certo na Selação, como Luís Fabiano. Mas não é do Brasil que estamos falando, voltemos ao assunto principal.
O segundo gol de Pato, sem dúvida, abateu a Roma. Por um simples motivo: o que uma equipe que entra com uma proposta defensiva contra uma outra técnicamente superior num contexto de desvantágem no placar? Coube ao time de Spaletti avançar, tentar, apostar em suas peças ofensivas. De forma impressionante, deu certo! Um premio à Vucinic, atacante que é, hoje em dia, a salvação da Roma.
O desenrolar da partida foi, senão emocionante, empolgante. Mas terminou mesmo 2 x 2, um empate com gosto de vitória romanista, o David que quase derruba o Golias.
Mas a agonia continua...
È Detto!!!