Se você, leitor, perguntar a alguma pessoa, por mais politizado que ela seja, qual foi o acontecimento mais importante do ano de 2006, existe uma enorme chance da resposta ser a Copa do Mundo. Se as perguntas subseqüentes forem relacionadas aos anos de 2002, 1998 ou mesmo 1994, as respostas provavelmente serão as mesmas. Variações podem ocorrer entre os mais carnavalescos ou mesmo entre aqueles que tiveram filhos nesses anos. Se você, após as perguntas anteriores, questionar qual acontecimento trás mais expectativas neste ano de 2010, a resposta será a mesma: o famigerado mundial.
Se caso você perguntar a si mesmo, a resposta será igual. Se caso você perguntar a mim, idem. Mas, onde quero chegar com essa verborragia? Respondo, no ponto-chave para se fazer de um povo, gado: a alienação.
Alienação, em suma, se refere à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar em agir por si próprios. Em todos os anos citados, aconteceram eleições para presidente do Brasil, anos que deveriam ser considerados chaves pelo povo brasileiro, que, por conta da alienação que o domina, considera secundário aquilo que é primordial e prioritário aquilo que deveria ser uma mera distração.
Falando assim, não me considero um “sujo” falando dos “mal-lavados”, reconheço o nível de minha alienação ao esporte bretão, não só por ser torcedor, mas também por ser, atuante ou não, um profissional da área. Reconheço, contudo, que erro em minha prioridade de importância. Não quero também ser um comunista chato que torceria por Cuba num possível embate com o Brasil no Mundial, por azar ou sorte, a ilha de Fidel sequer se classificou à Copa.
O que ocorre é que a movimentação do brasileiro durante uma Copa do Mundo, sua entrega à pátria de chuteiras, a comoção nacional em prol de algo que, cá entre nós, nosso povo não pode influenciar diretamente no resultado final, me emociona por um lado e me revolta por outro. É lindo ver a demonstração quase obscena de patriotismo durante o Mundial, mas, durante as eleições, excetuando-se a militância nem sempre consciente, porém voluntária, de alguns partidos de esquerda, toda movimentação do brasileiro tem um interesse, não coletivo e sim, pessoal, quase sempre financeiro, como principal motivador.
Quando falo que é o principal, não quero dizer que é o único. O que é bem claro, e não estou descobrindo a América com essa afirmação, é que falta, ao povo brasileiro, além do conhecimento necessário sobre o assunto, que viria com uma educação qualificada, uma paixão pela política. É o que sobra quando o assunto é o futebol.
O mesmo se aplica à religião, não que o futebol também não tenha algo de religioso (não confundam o religioso com o sagrado), mas o importante é que boa parte dos brasileiros (alfabetizados) já leram a bíblia, livros sobre esportes, livros de Paulo Coelho, entre outros, mas nunca a constituição brasileira, nunca um livro sobre política, sem falar da desativação em massa dos rádios na hora da Voz do Brasil, informativo sobre os acontecimentos da política no nosso país. Enfim, é isso que eu chamo de alienação.
Quanto a paixão pela política, pode ser querer demais de minha parte, mas, em certas áreas, o conhecimento leva à paixão, e este é o caso da política que, apesar de todas os fatores escusos que a cercam em sua ordem prática, é algo que com o tempo passa a fazer parte de seu DNA, até o ponto em que se desassociar dela torna-se impossível, e o melhor, não se faz necessário deixar de gostar de futebol para que isso aconteça.
Que venham a Copa e as eleições. Aguardamos ansiosamente por ambas.
È Detto!!!
Se caso você perguntar a si mesmo, a resposta será igual. Se caso você perguntar a mim, idem. Mas, onde quero chegar com essa verborragia? Respondo, no ponto-chave para se fazer de um povo, gado: a alienação.
Alienação, em suma, se refere à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar em agir por si próprios. Em todos os anos citados, aconteceram eleições para presidente do Brasil, anos que deveriam ser considerados chaves pelo povo brasileiro, que, por conta da alienação que o domina, considera secundário aquilo que é primordial e prioritário aquilo que deveria ser uma mera distração.
Falando assim, não me considero um “sujo” falando dos “mal-lavados”, reconheço o nível de minha alienação ao esporte bretão, não só por ser torcedor, mas também por ser, atuante ou não, um profissional da área. Reconheço, contudo, que erro em minha prioridade de importância. Não quero também ser um comunista chato que torceria por Cuba num possível embate com o Brasil no Mundial, por azar ou sorte, a ilha de Fidel sequer se classificou à Copa.
O que ocorre é que a movimentação do brasileiro durante uma Copa do Mundo, sua entrega à pátria de chuteiras, a comoção nacional em prol de algo que, cá entre nós, nosso povo não pode influenciar diretamente no resultado final, me emociona por um lado e me revolta por outro. É lindo ver a demonstração quase obscena de patriotismo durante o Mundial, mas, durante as eleições, excetuando-se a militância nem sempre consciente, porém voluntária, de alguns partidos de esquerda, toda movimentação do brasileiro tem um interesse, não coletivo e sim, pessoal, quase sempre financeiro, como principal motivador.
Quando falo que é o principal, não quero dizer que é o único. O que é bem claro, e não estou descobrindo a América com essa afirmação, é que falta, ao povo brasileiro, além do conhecimento necessário sobre o assunto, que viria com uma educação qualificada, uma paixão pela política. É o que sobra quando o assunto é o futebol.
O mesmo se aplica à religião, não que o futebol também não tenha algo de religioso (não confundam o religioso com o sagrado), mas o importante é que boa parte dos brasileiros (alfabetizados) já leram a bíblia, livros sobre esportes, livros de Paulo Coelho, entre outros, mas nunca a constituição brasileira, nunca um livro sobre política, sem falar da desativação em massa dos rádios na hora da Voz do Brasil, informativo sobre os acontecimentos da política no nosso país. Enfim, é isso que eu chamo de alienação.
Quanto a paixão pela política, pode ser querer demais de minha parte, mas, em certas áreas, o conhecimento leva à paixão, e este é o caso da política que, apesar de todas os fatores escusos que a cercam em sua ordem prática, é algo que com o tempo passa a fazer parte de seu DNA, até o ponto em que se desassociar dela torna-se impossível, e o melhor, não se faz necessário deixar de gostar de futebol para que isso aconteça.
Que venham a Copa e as eleições. Aguardamos ansiosamente por ambas.
È Detto!!!