segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mais Uma Derrota?


Confesso que iria escrever esse artigo no exato dia que marcou os 96 anos do Santa Cruz Futebol Clube, entretanto, após a derrota para o nosso arqui-rival, o Sport, em pleno Estádio do Arruda, no dia do aniversário do Tricolor, concluí que minhas palavras teriam, apesar de toda a imparcialidade que adquiri como tempo, uma carga emocional que poderia ser considerada digna de um desabafo.

Odeio desabafos, soam como vômitos ontológicos. Quando o assunto é futebol, creio que eles devam ser feitos apenas por torcedores, nunca por jornalistas ou pessoas com a pretensão de serem comunicadores. O poder adquirido por alguém no momento em que uma outra pessoa disponibiliza um minuto de sua atenção, crendo que ouvirá algo que ampliará o horizonte de seu pensamento, não pode ser desperdiçado com chororô.

Obviamente um desabafo foi feito logo acima, mas a carga emocional foi leve, sadia e construtiva. Devemos ir, então, em direção ao assunto principal do texto.

Falar mal do Santa Cruz tornou-se algo tão fácil que perdeu-se a graça, são quatro anos de vexames cada vez mais humilhantes, com o cúmulo registrado na Série D de 2009. O “rebaixamento moral” para a “Série E” deveria ter sido a gota d’água para a torcida coral, mas não foi. O último lugar na primeira fase da última divisão brasileira. Será que quem lê essa frase tem a idéia da catástrofe que ela representa na história quase centenária do Santa Cruz? E a culpa é de quem?

É óbvio que foi deixada para o socialista Fernando Bezerra Coelho uma herança maldita. Zé Neves, Romerito Jatobá e Édson Nogueira tiveram gestões financeiramente caóticas, incompetentes e, segundo alguns, suspeitas. A atual gestão de FBC é marcada por um avanço no que toca ao patrimônio maior do clube, logo após sua fiel torcida, o estádio José do Rêgo Maciel. Contudo, a torcida quer muito mais, a torcida merece muito mais.

Ano passado, a aposta no jovem treinador Dado Cavalcanti para ser treinador do clube na Copa Pernambuco gerou bons frutos. O título de um torneio, mesmo sendo semi-profissional, era como um alento para uma torcida tão carente, além de ser uma prova que dado tinha a capacidade de dirigir o grupo. Sua substituição, naquela altura, só seria aceitável se o contratado fosse um nome indiscutivelmente competente, o que não era o caso de Lori Sandri, um treinador com um currículo limitado e com uma filosofia de trabalho notoriamente ultrapassada.

Mas o buraco é mais embaixo. A escolha do presidente por Raimundo Queiroz para diretor remunerado de futebol mostrou-se ser, a cada dia, mais equivocada. Suas “contratações de Série A” vêm decepcionando e a queda de Lori Sandri corroborou com as opiniões de que tanto um quanto o outro eram profissionais abaixo das expectativas do Santa para as suas ambições para este ano.

A campanha Coral no Pernambucano ameaça a sua classificação à Série D, o que seria o maior absurdo da história do Mais Querido, caso ela não venha a ocorrer. Pior, pode acontecer o rebaixamento tricolor para a segunda divisão do Pernambucano. Cena que muitos torcedores prefeririam morrer a ver.

Contratações. É essa a palavra que rege o coro dos que apontam soluções para a situação do Santinha. Mas não é só isso. A curto prazo, contratações são indispensáveis, mas chances devem ser dadas aos jogadores da base. Deve-se haver,dentro do clube, uma mescla entre jogadores de fora, sejam eles experientes ou não, e atletas com uma identificação maior com o clube. O que acontece, ano a ano, é que uma quantidade irracional de atletas é contratada e dispensada enquanto a base é deixada de lado, ora encostados, ora emprestados ou mesmo o pior dos desfechos, dispensados.

O respeito com o atleta que sonha, quando mais novo, em vestir a camisa Coral e ter o seu nome cantado por uma torcida em êxtase num Arruda lotado deveria ser um sentimento prioritário dentro do clube.

Contratações devem ser feitas com três objetivos primordiais. Primeiro, para serem jogadores-chaves dentro das quatro linhas. Segundo, para que sejam objetos de promoção da marca que o clube é, atraindo assim mais receitas. E terceiro, para ajudar na evolução dos atletas da base.

De nada adianta um Ronaldo na equipe quando ele não inspira alguns jogadores ao ponto de serem melhores atletas, que não atraia patrocinadores para o clube e, obviamente, que não seja decisivo em campo.

O Santa Cruz, notoriamente, não tem condições de trazer um Ronaldo. Mas ao trazer jogadores deve se observar se eles são capazes de se encaixarem nos três atributos acima citados, o que não tem sido o caso.

Com Dado Cavalcanti efetivado como treinador, talvez esse respeito com a base possa ser revista e as contratações possam ser mais criteriosas, porém, a verdade é que o Santa precisa de um valor bem mais experiente para os desafios que estão por vir durante o restante da temporada. O Santa Cruz não tem mais o direito de fazer apostas, às vezes o futebol é como o Poker, quando se tem poucas fichas, só se pode apostar tudo e com certeza de que vai ganhar.

A torcida tricolor está cansada de perder tudo.


È Detto!!!

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