sábado, 6 de dezembro de 2008

Apologia de Dunga (Out/2008)

Olá, visitantes!
Este será o meu último artigo antigo e a partir de agora só publicarei textos inéditos! Esta foi uma singela defesa ao atual treinador da Seleção Brasileira, o capitão Dunga!


Apologia de Dunga
Por: João Paulo Pontes
Cidadãos brasileiros, vós que, incessantemente, pregais em favor de retirar-me da posição que atualmente ocupo, o de treinador da seleção brasileira de futebol, deveis escutar o que eu, Dunga, filho de Edelceu Verri, vos digo em minha defesa.

Vós acusais-me, em primeiro lugar, de não ter a devida experiência que legitimaria a escolha da minha pessoa para um cargo tão importante. Respondo-lhes usando o exemplo de outra equipe que também foi campeã mundial por mais de uma oportunidade que também escolheu um treinador sem experiência para assumir o mesmo cargo que ocupo: Jürgen Klinsmann, filho de Siegfried Klinsmann.

O povo alemão também o acusou daquilo que vós, povo brasileiro, me acusais. Impôs-lhe as mesmas pressões que vós me impuserdes. Ao fim do seu trabalho, viu-se que ele desempenhara sua função de forma, senão primorosa, satisfatória.

Não vos digo que repetirei, ou mesmo superarei os feitos do exemplo que acabo de citar. Apenas que, se o problema para vós é a falta de experiência em relação ao devido cargo, o trabalho feito na seleção alemã põe abaixo todo e qualquer argumento que parta apenas desta premissa.

Brasileiros, vós me acusais também de ter o defeito da incompetência. Vos digo: não há aquele que tenha passado pelo meu cargo que não ouvira, oriundo de vós, alcunhas sinônimas à asno. Retruco, assumindo minhas falhas, mas não cedendo às pressões internas e externas. Há os que julgam meu trabalho realizado até aqui como insuficientemente bom, a estes vos digo: fui campeão continental com uma equipe de reservas em cima da, talvez, melhor equipe do mundo atualmente. Podem creditar à sorte esse feito e alegarem que fui derrotado nas olimpíadas, mas aquele que mais está interessado pelo meu cargo, quando teve a sua chance, não conseguiu sequer chegar à semifinal olímpica com uma equipe infinitamente superior à minha e, na altura em que estamos nas eliminatórias, estava numa posição inferior àquela que estamos atualmente.

A falta de uma atitude em termos da renovação de meu grupo também vos é citada aos quatro ventos, cidadãos brasileiros. Defendo-me usando outro exemplo, desta vez brasileiro: Émerson Leão.

Lembrais-vos da época em que o ex-goleiro esteve em meu cargo, e, ao tentar renovar o seu grupo, foi execrado e afastado do lugar que ocupara por alguns maus resultados. É interessante lembrais-vos que aqueles que tinham sido chamados por ele, foram campeões mundiais na Copa do Mundo seguinte e foram titulares no último torneio.

Para todos aqueles que julgam ainda como ruim o resultado do meu trabalho, peço-lhes que o comparem com o de alguns de meus antecessores. Mas se ainda assim meu afastamento for inevitável, se fizerdes isso, terei de vós o que é justo, eu e meus filhos (principalmente minha filha, que me fez esta camisa ridícula).

Mas já é hora de irmos: eu para a rua e vós para o viverdes. Mas, quem vai para a melhor sorte, isso é segredo. Exceto para Deus.


È Detto!!!

(Baseado no diálogo Apologia de Sócrates, de Platão.)

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