Depois da Copa do Mundo da Alemanha, as críticas em cima de Ronaldinho foram bem maiores do que em relação ao resto do time. Também pudera, ele tinha sido eleito o melhor do mundo com folgas e era o principal candidato a melhor jogador da Copa. Enfim, achei justo analisar e dividir minha opinião.
O Encanto Acabou?
Por: João Paulo Pontes
Desde a Copa do Mundo da Alemanha as atuações de Ronaldinho não têm sido iguais as dos três ultimos anos. O motivo muitos cogitam, mas não vejo uma explicação lógica, não que dentro da perpectiva lógica se encontre respostas para uma má ou boa atuação dos jogadores... enquanto escrevo vou refetindo acerca dos motivos para o que acontece com o (mesmo assim) melhor jogador do mundo.
Durante a Copa de 2002, Ronaldinho era atleta do PSG, cobiçado pelos maiores clubes da Europa, entre eles Manchester, Real Madri e Barcelona. O clube catalão obteve a preferência, senão financeira, sentimental da parte do atleta brasileiro, talvez por ter visto os maiores jogadores brasileiros dos ultimos tempos brilharem com a camisa do Barça. Mas voltemos à Copa do Japão e da Coréia. Existia uma pressão enrome em cima de Rivaldo, até então craque do Barcelona, pois alguns jornalistas, do alto de sua onisciência, julgavam o seu futebol na Seleção Brasileira inferior ao apresentado na equipe catalã. O resultado foi que Rivaldo foi decisivo na Copa enquanto Ronaldinho deixou à desejar (com exceção ao jogo contra a Inglaterra) mas o Brasil foi campeão e as atuações regulares de Ronaldinho não foram repercutidas depois do torneio que teve tranquilidade para trabalhar em prol de sua carreira, dessa vez no seu novo clube, o Barcelona.
Quando chegou ao Barça, Ronaldinho encontrou uma equipe em crise, tanto financeira quanto de resultados, a equipe não vencia e no ano anterior tinha ficado fora da Champions League, o que atrapalhou muito no equilíbrio financeiro e no planejamento do ano corrente. Ele chegou como um santo remédio, se destacando já nas primeiras partidas e com o tempo se firmando como o craque da equipe e o preferido dos adeptos. Depois de algum tempo Ronaldinho levara o Barcelona ao improvável vice-campeonato da Liga espanhola depois de encontrar a equipe fora da zona de classificação para as competições européias. Nascia o novo rei de Barcelona.
Nas temporadas seguintes seu rendimento aumentaria (com o perdão da redundância) mais e mais, ele seria eleito melhor jogador do mundo por duas vezes consecutivas e chegaria até à conquista da Liga espanhola e da Uefa, mas suas atuações na Seleção não eram dignas do melhor do mundo. Primeiro alegava-se que no Barcelona ele jogava de atacante e na Seleção como Meia, o então treinador Carlos Alberto Parreira decidiu que iria dar toda a liberdade para o craque, o fez dupla ora com Ronaldo, ora com Robinho e finalmente com Adriano, seu rendimento não crescia e as críticas voltavam.
Em relação à seleção eu observava que o posicionamento de Ronaldinho era completamente diferente do que ele tinha (e continua tendo) no Barcelona, visto que mesmo posicionado pelo lado esquerdo de campo ele tinha que acompanhar as subidas dos laterais, diferentemente (talvez pela falta de um treinador de visão) da sua forma de jogar no Barça, quando ele se aproveitava dessa liberdade para fintar um, dois ou até três defensores e fazer a assistência ou mesmo o gol, e por mais que o treinador Parreira desse liberdade para o jogador, a falta de compactação da equipe fazia com que Ronaldinho voltasse para recompor.
Na Copa, pela pressão pró "quadrado mágico" (termo usado pelo pseudo-gênio do entendimento futebolístico de nome Galvão Bueno), Ronaldinho foi completamente sacrificado, exercendo a função de articulador de um ataque lento e sem movimentação. Se já não bastasse a marcação que um jogador de sua habilidade receberia naturalmente, Parreira ofereceu aos adversários uma maneira mais fácil ainda de anular Ronaldinho, colocando-o mais recuado, impossibilitando as jogadas de ataque.
Como todo o brasileiro, eu tinha meu sistema de jogo e escalação para a seleção de 2006. O sistema era o 4-3-3 no estilo holandês, ou como o Barcelona joga para ficar mais fácil. A escalação seria: Rogério Ceni no gol, Cicinho e Roberto Carlos nas laterais, Lúcio e Juan na zaga, Gilberto Silva como o Volante central, Juninho Pernambucano e Zé Roberto como médios centrais, Ronaldnho e Kaká como pontas pela esquerda e direita, respectivamente e Adriano como atacante pelo centro. Modéstia à parte, com essa formatação tática Ronaldinho teria a liberdade necessária e o Brasil, provávelmente seria hexa-campeão mundial.
Mas, voltando ao futebol de Ronaldinho. Ao contrário do que aconteceu em 2002, quando ele não foi bem na copa mas o Brasil foi campeão, a Seleção Canarinho não conquistou o título e ele, a maior esperança brasileira, decepcionou, Não só pela disposição tática da equipe, mas pelo seu comportamento apático dentro de campo, e em sua volta ao Barcelona, ele tem alternado boas e más atuações, talvez pela pressão que a derrota de uma seleção com um favoritismo nunca antes visto para um mundial pode acarretar.
A explicação para a má fase no Barcelona eu vejo em uma mistura de fatores. Primeiro, a pressão pela perda do mundial e pelo seu fraco desempenho na Seleção Brasileira. Segundo, a disposição de absolutamente todos os bons treinadores do mundo em marca-lo de forma eficaz e definitiva, se necessário de forma ríspida, mesmo desguarnecendo outros setores do campo. Terceiro, a perda temporária de seu principal companheiro no ataque catalão, Samuel Eto'o, que, além de se movimentar muito e facilitar o trabalho de Ronaldinho, fazia o rodízio de posicionamento entre ataque pelo meio e a ponta-esquerda.
Essas são, pra mim, as explicações lógicas da má fase de Ronaldinho, não que exista lógica no desmpenho esportivo, existe sim espectativa diante do trabalho realizado de forma boa ou ruim, mas nada que vá garantir um título ou bons jogos, visto que do outro lado sempre existirão onze homens, talvez com salários menores, com preparação não tão adequada, com condições de trabalho ou de vida piores, mas sempre onze homens, e os homens são supreendentes em seu poder de superar seus limites e fazer o improvável.
De Ronaldinho não se espera a superação dos próprios limites, nem mesmo que ele faça o improvável, ele já supera os limites dos homens em sua normalidade e já faz o improvável de forma tão natural que chega a ser totalmente previsível. Espera-se dele a normalidade, o Ronaldinho dos bons tempos, o mágico, o craque.
È Detto!!!
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