quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Like a Virgin!

Por: João Paulo Pontes


São Paulo, Campeão! Frase que, se fosse proferida no início do campeonato brasileiro, não soaria absurda. O contrário se daria se esta afirmação fosse dada no meio da disputa, quando o tricolor paulista estava a anos-luz do, até então líder, Grêmio.

Serei sincero, antes do início do brasileirão eu apostava minhas fichas (metafísicas) em duas equipes: o Palmeiras, de Luxemburgo e o Flamengo, de Caio Júnior.
Sim, fui tido como um opinador comum, no máximo criticado por alguns que explicitavam o São Paulo como favorito. Meu contra-argumento baseava-se em dizer que a equipe de Muricy Ramalho não tinha mais alma, estava sem brilho, enfim, não podia mais chama-la de equipe.

Sem dúvidas, isso era a mais pura realidade, as principais peças da equipe já não atuavam como no ano anterior, a opção de trazer um atleta de como Adriano e jogar em função dele alterou a forma de jogar do São Paulo, que se desfez daquilo que o havia levado ao sucesso: o jogo coletivo. Com a saída de Adriano, a equipe de Muricy ficou como um cachorro sem dono, sem referência. Era preciso reestruturar o plantel, sua forma de jogar e, nesse caso, o mais importante, os espíritos de cada um dos jogador que ainda estavam se recuperando do grande golpe que foi perder, de forma tão precoce, a chance de ser novamente campeão das américas e, consequentemente, perder a possibilidade de ser tetra no mundial.

Com todo o respeito, mas se o treinador da equipe fosse um Oswaldo de Oliveira, Levir Culpi, Celso Roth, Geninho ou qualquer um desses treinadores medianos do nosso futebol, o São Paulo sequer estaria classificado para a Copa Sul-Americana.

A questão é que a equipe do Morumbi tem um profissional de ponta em seu comando. Muricy Ramalho é, sem dúvida, o maior responsável pela recuperação tricolor. Soube estimular o grupo, usou e abusou das advertências, sejam elas individuais ou coletivas. Soube também reorganizar taticamente sua equipe, soube indicar os jogadores certos para as posições carentes e, acima de tudo, assumiu o risco de fracassar num clube onde sempre foi vitorioso, coisas que poucos treinadores fazem.

Mas voltando à instancia dos palpites, dei o meu, num bolão entre amigos, quando o São Paulo estava a onze pontos do líder (na época, o Grêmio). Fui taxado de louco. A verdade era que, do jeito que o tricolor jogava, em pouco tempo brigaria pela ponta da tabela, via-se novamente uma equipe com alma, com vontade e jogando de forma coletiva, sem estrelas.
É claro que há um desmérito por parte de Grêmio, Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro, que perderam pontos fáceis e deram chances aos comandados de Muricy, mas numa disputa longa como esta não basta acertar muito, vence também quem erra menos e o São Paulo errou mais do que em 2007, mas o suficiente para ser campeão. Agradecimentos dirigidos para Celso Roth não seriam injustos, visto a incompetência de se perder um campeonato tão ganho quanto este.

Nem mesmo o pseudo-escândalo dos ingressos do show de Madonna ofuscaria, caso fosse realmente obra da diretoria sãopaulina, o brilho da virada tricolor em 2008.
Podemos dizer, enfim, que pela dificuldade que teve para ganhar este título, o torcedor do São Paulo sentiu um gosto especial, não igual a uma primeira vez, a um desbravamento, digamos que, desta vez, foi mais trabalhoso e, consequentemente, gostoso despir e conquistar esta tão desejada taça nacional.

A Madonna que me perdoe, mas o melhor show do Brasil em 2008 foi o do São Paulo.



È Detto!!!

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